Resina

Sempre na busca de conseguir produzir uma prancha gringa no Brasil, a gente usa em toda a produção a resina Silmar (USA), que é uma resina consagrada internacionalmente, tida como a melhor do mundo pois apresenta uma formulação exclusiva para o uso na fabricação de pranchas de surf.

O fato de ser uma resina específica para o uso na nossa indústria, evita que a gente tenha que adicionar alguns componentes químicos que podem comprometer a flexibilidade e a resistência da laminação.

Em comparação com outras resinas, ela tem um processo de secagem muito mais eficiente, lixa de maneira muito mais fácil e o amarelamento é muito mais lento.

Tecido

Assim como a resina, o tecido que usamos também é fabricada nos Estados Unidos (BGF – Aerialite) especificamente para pranchas.

Tem uma estética branca ajudando a evitar o amarelamento precoce. Não desfia durante o corte e se molda com facilidade aos contornos do shape. Muito eficiente na absorção da resina, sendo mais fino e mais fechado que os tecidos nacionais e ajudando a evitar micro infiltrações e pequenas imperfeições.

Todas essas características, tanto da resina como do tecido, facilitam a obtenção de alta qualidade nos processos manuais da laminação, proporcionando uma prancha mais leve, resistente e flexível.

Blocos

A espuma de poliuretano determina o padrão para a indústria de pranchas desde a década de 50. Em termos de matéria prima, é um dos fatores que mais contribuiu para o avanço da performance. Ao substituir a madeira, diminuiu drasticamente o peso das pranchas, possibilitando surfar as ondas de maneira nunca antes imaginada.

A formação do poliuretano requer diversos compostos químicos que fazem funções distintas no momento da reação e determinam, no momento da expansão as principais características do produto final. Quanto melhor a qualidade dos ingredientes utilizados na receita, mais estabilidade e controle se tem sobre a reação em si, potencializando a obtenção de um produto de qualidade superior.

A seguir, listamos as principais características desse material:

  • Flexibilidade – É o principal fator relacionado aos blocos de PU, certamente o motivo pelo qual escolhemos essa construção como primeira opção quando se trata de performance e versatilidade.O potencial máximo de uma prancha, é obtido quando ela é capaz de flexionar na medida certa e retornar, de maneira eficiente, ao seu formato original. É esse efeito mola que proporciona a sensação de vivacidade associada à uma boa prancha de surf.
    Além dessa característica de memória, a espuma ideal absorve melhor os impactos, amortecendo grande parte da pressão exercida pela água e pelo surfista e evitando que essas vibrações interfiram no controle e na fluidez da prancha.
  • Densidade e peso – Uma vez encontrada uma química com resultados funcionais, ela pode ser trabalhada para resultados diferentes de densidade, que consequentemente, também alteram o peso do produto final. De maneira geral, esse fator também afeta a resistência e durabilidade da espuma.
    Fabricantes de bloco, costumam disponibilizar densidades diferentes em sua linha, elaborados para as diversas condições em que serão usados. Blocos mais leves para atender à demanda de ondas pequenas e ou performances extremas, geralmente associadas aos atletas de alto rendimento. Passando por espumas mais equilibradas na relação peso resistência para o público em geral e chegando à densidades maiores quando o assunto é o surfe de ondas grandes.

  • Longarina – É o nome dado a peça ou “ripa” de madeira que geralmente divide o bloco ao meio. Utilizada para trazer rigidez, ajudando no controle da flexibilidade.
    São muitas as possibilidades quando o assunto é longarina. Porém, para a construção em Poliuretano, há um padrão bem definido, que utiliza dois tipos principais:
    Compensada:  Combinação de três finas camadas (T band), coladas com as fibras invertidas. Consideravelmente mais flexíveis, são as mais usadas hoje por contribuírem positivamente para o efeito mola, aumentando a sensação de vivacidade.
    Originalmente, são usados dois tipos de madeira nessa composição, uma escura (mais rígida) e outra clara (mais flexível. Usualmente, duas camadas claras e uma escura no meio, mas essa composição pode também ser invertida com duas escuras e uma clara no meio.
    Outras montagens são utilizadas para diferentes propósitos, como adição de mais camadas na colagem para uso em pranchas maiores.
    Em relação à estética, é possível tanto tingir esse tipo de longarina em diversas cores, bem como o uso de colas coloridas.
    Maciça: Utilizada desde o advento das pranchas ocas. Muitas vezes em madeira balsa, hoje, no Brasil, a caixeta é a mais comum. Por ser mais rígida que as compensadas, é excelente para pranchas destinadas a ondas mais fortes e que demandem drive e velocidade.Além do tipo de madeira utilizada, é possível ajustar a espessura para trabalhar a flexibilidade, sendo as mais finas mais flexíveis que as mais espessas. 3 ou 4mm para shortboards e aumentando progressivamente conforme o comprimento das pranchas
  • Amarelamento – Por ser uma construção transparente na maior parte das vezes, a cor da espuma é muito relevante para a indústria do surf, influenciando diretamente na estética do produto final. Voltamos mais uma vez à receita da química, que é trabalhada também nesse sentido da aparência. Além do emprego de ilusor óptico e protetor UV, mais uma vez a escolha dos ingredientes básicos é determinante no resultado final.
  • Plugs: A expansão dos blocos acontece em formas, com formato de uma prancha em estado “bruto”. A química, pressiona as paredes da forma no processo e por isso, se acumula nas paredes, formando assim uma casca de espuma mais dura e concentrada, que se torna mais macia em direção ao centro do bloco. Por ser expandido com o deck (parte de cima da prancha) virado para baixo, a gravidade também contribui para que esteja nessa parte a maior concentração da química, fazendo dela a mais dura e resistente. Esse processo é fundamental, pois permite um ganho de resistência onde o surfista pisa e exerce pressão. Dito isso, o ponto a ser levado em consideração é o encaixe do desenho da prancha no desenho do bloco. Ele deve ocorrer de forma que as curvas do topo da prancha e do topo do bloco se encaixem o melhor possível, tornando possível retirar o mínimo de material, mantendo a espuma do deck o mais resistente e homogênea possível. Ou seja, tanto os desenhos dos plugs, quanto a diversidade de modelos de blocos, faz diferença na qualidade do produto final.